02/04/2009

Porta indiscreta


Já era habitual um grupo de amigos passar férias juntos em Setembro durante uma semana numa casa no Algarve.

A casa ficava cheia de casais e também de solteiros, mas apesar da aparente confusão gerada por tantas pessoas juntas num só espaço, tudo corria de forma ordeira.

Um dia, após o regresso da praia, já de noite, fomos tomar banho revezadamente, na única casa de banho disponível. Nesta habitual espera, aproveitávamos e bebíamos umas cervejas enquanto conversávamos no pátio pertencente à moradia.

A meio de uma mini, surgiu J de cabelo molhado vindo de banho tomado e disse-me:

“ – É a tua vez, a casa de banho já está desocupada.”

Bebi em dois golos a cerveja que ainda restava na garrafa, e de seguida, dirigi-me para o interior da casa. Caminhei até ao fundo do corredor, mas algo me chamou a atenção vindo do quarto em frente à casa de banho.

Intrigado, olhei pela porta semi-aberta, para o interior deste. Fiquei estático com o que vi, M estava com uma toalha enrolada à cintura e espalhava um creme pelo corpo, totalmente alheia à minha presença.

Um nervosismo percorreu-me pelo corpo, como se fosse uma corrente eléctrica, aquela situação colocava-me no lugar de um voyeur e se fosse apanhado, nada do que dissesse, justificaria a minha presença à porta daquele quarto.

Inconscientemente, assumi o risco, a sensação de perigo aliada ao proibido, foi mais que uma razão mas, acima de tudo, um estimulante para ficar a observá-la.

M espalhava o creme, diante de um espelho e admirava-se em frente a este. Passou as suas mãos nos seus peitos que eram grandes, fazendo movimentos lentos e circulares. Ouvi um suspiro abafado vindo da sua boca, enquanto semi-cerrou os olhos, começando a mordiscar com as pontas dos dedos os seus mamilos que agora se encontravam erectos.

Fascinado, com aquele espectáculo privado, permaneci imóvel, contemplando os seus mamilos duros, cheios de tesão.

M deixou cair a toalha lentamente no chão, ficando totalmente nua diante do espelho. A sua face estava vermelha, com um rubor de quem estava a ter prazer naquele momento íntimo.

Desceu uma das mãos e começou a acariciar a sua púbis, soltando um novo suspiro.

O que antes era apenas um gesto diário após um banho, tornou-se numa experiencia íntima. M tocava-se sensualmente, sem nunca imaginar que estaria a partilhar aquela experiencia comigo. Por baixo dos meus calções de banho, erguia-se o volume do meu pau que já estava duro e deu-me vontade de entrar no quarto e proporcionar-lhe um pouco mais de prazer, ou pelo menos, partilhar esse mesmo prazer em simultâneo.

Mas mesmo que essa vontade louca de entrar naquele quarto fosse difícil de controlar, não o fiz. M estava casada com J, e isso seria contra todos os meus princípios, alem de que nunca saberia qual a reacção de M e os seus efeitos.

Continuei apenas a observá-la, nunca saindo da frente do espelho, onde tirando proveito da sua própria imagem reflectida, continuava a dar prazer a si própria, de uma forma cada vez mais descontrolada. O seu corpo estava ligeiramente bronzeado, sem exageros, já que a sua pele era clara. Mas apesar disso, estava desenhado no seu corpo as marcas do biquíni, o qual achava extremamente sensual, evidenciando ainda mais pelo contraste os seus mamilos duros, prestes a rebentar de tesão.

M estava totalmente depilada, tendo apenas uma estreita risca que aparecia e desaparecia conforme o movimento dos seus dedos tocando no seu clítoris. Levei uma mão junto do meu sexo e comecei também a acariciá-lo por debaixo dos calções, de uma forma pausada apenas sentindo a dureza de toda a tesão com que estava naquele momento.

M soltou um outro gemido, que se evidenciou de todos os outros, as suas pernas fraquejaram enquanto mantinha os dedos dentro dos seus lábios vaginais, durante o orgasmo. De repente, vindo do exterior da casa uma voz ecoou no seu interior, era J que chamava M, dirigindo-se para dentro de casa ao seu encontro. Apercebendo-me da sua vinda, refugiei-me na casa de banho, ainda sem que M me tivesse visto à porta do seu quarto.

Tomei um banho rápido, dando lugar aos outros que ainda não tinham tomado banho. Saí da casa de banho, e vi M já vestida no quarto, os nossos olhares cruzaram-se por breves instantes e ambos corámos, mas não trocamos qualquer palavra.

Nesse dia, depois de todos estarem despachados, fomos jantar a um restaurante, eu e M trocámos olhares por diversas vezes, nunca achei que fossem condenatórios por tê-la visto naquele momento íntimo, penso que ela teve vergonha por a ter visto, mas ao mesmo tempo, surgiu uma cumplicidade silenciosa apesar de nunca termos tocado no assunto.

Hoje em dia, por diversas vezes penso nisso e questiono-me se naquele dia, deveria ter arriscado a entrar naquele quarto?

Fotografia: Autor desconhecido, Modelo - Nicole