05/11/2008

Armazém abandonado




Um dia meti-me no carro e fui directo a Espinho, com a desculpa que iria visitar uns familiares ao Porto. Já passavam dois meses que diariamente conversava com a T., uma mulher de 32 anos.
Falávamos sobre tudo, mas cedo trocámos confidências. É a vantagem da internet, a barreira física de um monitor deixa-nos mais à vontade com uma pessoa que não conhecemos e foi assim que acabámos por revelar os nossos segredos que não confiamos aos nossos melhores amigos.

Avisei-a dias antes que estaria a caminho de Espinho ao final desta tarde, ela concordou com um encontro comigo. Confesso que fui de encontro ao desconhecido, nunca tinha ido a Espinho e o que ia encontrar, poderia não corresponder àquilo que tinha imaginado.
Fui a viagem toda com um misto de nervosismo e excitação, afinal era a minha primeira vez a ir tão longe para conhecer uma pessoa. Logo pus na cabeça que iria apenas conhecer a mulher do outro lado da janela. Se não criasse expectativas, dificilmente me desiludiria.
A viagem parecia não ter fim, os quilómetros que deveriam diminuir, davam a sensação de aumentar naquele dia de muito calor. Pelo meio fomos trocando mensagens através do telemóvel. Pressenti que ela também estava desejosa de que chegasse a Espinho.
À chegada, um telefonema para receber indicações do local do ponto de encontro, uma geladaria que era muito conhecida por aqueles lados.
Caminhei umas dezenas de metros ao local combinado e ao entrar reconheci-a logo, apesar de ela não me ter visto, mexia distraidamente a sua chávena de café ao mesmo tempo que olhava para o lado oposto do qual me encontrava. Deixei-me estar à porta por um minuto, contemplando-a com o seu olhar perdido no infinito.
Aproximei-me devagar até sentir a minha presença a um metro da mesa dela, largou um sorriso daqueles tímidos, mas sinceros, denunciando ter gostado do que tinha acabado de ver. Dei-lhe um beijo na cara, ao qual ela me respondeu com outro beijo, inspirando profundamente o meu cheiro misturado com o perfume.
Sentei-me à mesa e naturalmente a conversa foi-se desenrolando, com a mesma vontade de outras conversas feitas na net. A conversa foi longa, um pouco mais tarde sugeriu-me dar uma volta a pé, para me mostrar um pouco da cidade plantada ao longo de um extenso areal.
O dia estava bem agradável, era Verão. Uma brisa forte fustigava a costa, uma nortada comum nas praias a Norte. Olhei para ela e reparei como a sua pele estava arrepiada, ela tinha frio e sugeri voltarmos para os nossos carros.
Distraídos, tínhamos caminhado bastante o que nos obrigaria a voltar, agora contra o vento. Olhei para o outro lado da avenida e vi umas ruas que me pareceram abrigadas daquelas rabanadas de vento, um atalho menos sofrível que aquela marginal.
Numa dessas ruas apertadas por armazéns abandonados, não havia movimento de pessoas, nem de carros e por brincadeira disse: “- Já viste se fosse um louco? Bem podias gritar que aqui não passa ninguém!”, ela sorriu e respondeu: “- Não estou preocupada, já vi que és boa pessoa!”
“ - Sim, mas também sou homem e não fiquei indiferente a ti…”
“ – E eu sou mulher e também não me ficaste indiferente.” – Rematou ela, enquanto me piscou o olho.
Nesse momento, olhei para trás dela e vi um portão de um armazém, reparei que estava ligeiramente aberto e disse-lhe:
“- Não saias daqui, eu volto já!”
Ela sorriu e acedeu ao meu pedido vigiando todos os meus passos enquanto me dirigia a esse armazém. Espreitei lá para dentro, tratava-se de um antigo armazém industrial, no meio tinha umas máquinas empoeiradas e ferrugentas e no fundo um balcão comprido.
Atravessei a rua de novo, e segredei-lhe: “- Apetece-te fazer uma loucura?” Ela hesitou no olhar, mas o seu corpo foi mais forte que a sua mente fazendo um sorriso nada inocente. Peguei-lhe na mão e puxei-a para dentro do pavilhão.
Fomos em direcção ao balcão, beijando-nos selvaticamente, as nossas respirações misturavam-se sôfregas com aqueles beijos molhados. Num instante ela desceu a sua mão até ao meu sexo, que erecto já a esperava e agarrou-o firmemente, ao mesmo tempo que me mordia a língua, num misto de dor e prazer.
Num golpe rápido, virei-a de costas para mim e comecei a acariciar-lhe os seios rijos enquanto que as nossas línguas se trocavam numa dança desconcertante em linguados bem oleados de saliva quente. Uma das suas mãos segurava o meu membro duro novamente e eu respondia-lhe esfregando os dedos na sua vagina.
Obriguei-a a debruçar-se sobre o balcão ficando de rabo espetado para mim. Baixei-lhe as calças e as cuecas, com as mãos afastei-lhe as nádegas, descobrindo os seus lábios vaginais, onde meti a minha língua dentro dela que estava quente e bem molhada.
T. soltava uns gritos e gemidos abafados a cada lambidela e chupadela minha. Enquanto me perdia no sexo dela, molhei um dedo com saliva e suavemente meti a ponta do dedo no ânus dela. Ela parou por momentos e olhou na minha direcção com um olhar de espanto, mas logo de seguida sorriu e consentiu com a cabeça, ordenando que não parasse. Voltei a introduzir o dedo de novo só que desta vez um pouco mais fundo, ela gritou de prazer.
Por duas vezes senti o corpo dela a estremecer e das duas vezes murmurou qualquer coisa indecifrável, ela estava a ter um orgasmo, mesmo assim, nunca parei apenas abrandei o ritmo ao som desses murmúrios.
Levantou-se, virou-se para mim e puxou-me de encontro ao balcão, com gestos rápidos e desajeitados, tirou-me o cinto e mandou-o para o chão. De cócoras, puxou-me as calças para baixo, deixando-me de boxers justos os quais denunciavam o meu pau duro, o qual ela contemplou por uns segundos e sem os tirar, passou a língua de leve por ele. Olhou para cima e piscou-me o olho. Sem ter tido tempo de reacção, baixou-me os boxers deixando o meu sexo exposto diante dela.
Ela novamente sorriu, mas desta vez olhava fixamente para o meu pénis. E com uma mão começou a acariciá-lo sentindo pelo tacto cada centímetro.
De início, começou a mexer nele bem devagar, depois foi aligeirando os movimentos o que me deixou cheio de vontade de a possuir naquele momento. Puxei-a para cima, mas ela afastou-me a mão e disse sorrindo: “ – Então?! Agora é a minha vez!”
Beijou-me a ponta, num beijo demorado e bem suculento e de seguida abocanhou-o. Estava entre ela e um balcão, como entre a espada e a parede, indefeso. Era ela que controlava a situação. Fazia-me um sexo oral com uma entrega total, ao mesmo tempo notei que se acariciava, essa imagem excitou-me e quase atingi o orgasmo naquele momento. Para me distrair, olhei para o tecto do armazém e reparei pela primeira vez que não tinha tecto. No lugar de um conjunto de telhas poeirentas, desenhava-se um tecto de um céu azul pontilhado com nuvens brancas.
Ela levanta-se e senta-se no balcão apoiada apenas nos cotovelos. Puxa-me para ela, debrucei-me e de novo ataquei aquele clítoris inchado de prazer. Levantei-lhe a blusa e subi lentamente pelo seu corpo, brincando com a língua no umbigo e onde mais tarde me perdi nos seus seios duros de um prazer quase insaciável.
Peguei no meu pau rijo e brinquei com ele roçando no seu clítoris, ao qual ela estremeceu soltando um novo grito abafado num murmúrio denunciando novo orgasmo.
“- Mete-o, mete-o já!” – ordenou ela, já tinha percebido que ela gostava de mandar na situação e que o meu papel era apenas de um súbdito, um escravo sexual.
Começámos lentamente, mas logo acelerámos, pois ambos estávamos loucos de prazer. Alternávamos o ritmo, umas vezes a um ritmo selvagem, insano, outras vezes mais calmo apreciando aquele momento de múltiplos prazeres.
Senti que estava quase, já não aguentava mais, os seus gemidos excitavam-me, estava quase a explodir. Ela pressentiu esse momento e tirou-me dentro dela, abocanhou-o de novo e ferozmente chupou-o, eu quase que gritei: “ – Onde é que queres?”
“Nas mamas.” – Respondeu.
E eu vim-me no meio delas.
Ficámos abraçados, com as suas costas encostadas ao meu peito e apoiada nos meus braços. Ambos tínhamos um sorriso estampado na cara. Vestimo-nos rapidamente e saímos do armazém sem trocar uma palavra.
Quando chegámos aos nossos carros, olhei para ela e apercebi-me que ela estava pouco à vontade, envergonhada. Eu disse-lhe: “ – Não te preocupes, é um segredo só nosso!”
“ – Obrigado!” – Respondeu ela.

Depois desse dia, voltámos a ver-nos por duas vezes, foram conversas acompanhadas com cafés, sem qualquer constrangimento, éramos apenas amigos, uma amizade e talvez um pequeno segredo.


Fotografia: Helder Mendes@olhares.com

6 comentários:

Pearl disse...

Sair de encontro ao desconhecido é uma aventura que tanto corre bem como mal...neste caso correu-te muito bem, o inevitável tambem é previsivel...
Guarda o segredo bem guardado uma amizade tambem é feita de segredos bem guardados sejam eles quais forem!
(gostei imenso de ler)

beijo

Sofa Surfer disse...

Pearl,
Concordo contigo, linha-a-linha.

Touché!

Bjo grande

Canuca disse...

Bem ditos sejam os armazéns industrias por este país fora lol ;)...muito bom...é certo que o desconhecido só por si é aliciante, mas é tudo muito mais excitante quando o desconhecido nos agrada e é quimicamente compatível :).

Kiss

Sofa Surfer disse...

Canuca,
Concordo contigo letra a letra!
;)
Volta sempre.
Bjo

Vitória disse...

Surfer, adorei o relato.;)

E sim, existe encontros do género que correm bem, e ainda bem, afinal não é tudo mau.;)

Beijo

Sofa Surfer disse...

Olá Vita,
Bem-vinda de volta!
Saudades da tua companhia neste cantinho...
Bjos,