07/01/2010

fora de horas (escritório) parte 1


Há uns tempos tive uma formação onde conheci S., nunca tivemos grande troca de palavras, porque não havia liberdade para isso, ela estava acompanhada do namorado que também se tinha inscrito na mesma acção de formação. Sempre notei, desde o primeiro dia, que houve uma empatia da parte dela, a sua forma de olhar por vezes fazia-me sentir desconfortável, na presença sempre tão perto do namorado.

Acabei por ter uma postura defensiva e esquivava-me aos seus olhares...

Nunca mais tive contacto com S., até uns meses depois, em que me enviou um e-mail com um questionário daqueles que se enviam para os amigos de forma a se conhecerem melhor. Confesso que no dia que recebi o e-mail, não me mostrei muito interessado, mas tive curiosidade de ler as suas respostas... Dias mais tarde, resolvi enviar as minhas respostas, mas sem esperar novo contacto.

Nesse mesmo dia, S. respondeu-me, dizendo que se tinha identificado tanto com as minhas respostas e que já no curso tinha achado o mesmo. Mantive uma certa distancia, respondendo ao seu e-mail dizendo que todos temos pontos em comum, mesmo que à primeira vista, pareçam o oposto.

Nova resposta, não se fez chegar tarde e resolveu desvendar a ponta do véu, S. e o seu namorado já não estariam muito bem, a sua relação estava desgastada com 10 anos de namoro e sentia que tinha que continuar sozinha. Eu mantive a mesma distancia sem tentar morder o isco nem dar azo a outras liberdades e tentei aconselhá-la a reflectir bem sobre o seu relacionamento... Conversa puxa conversa através de e-mails trocados, combinámos um café para uns dias depois.

Cheguei ao café, antes da hora, tinha levado comigo um livro, e entreti-me a ler um pouco até chegar à hora combinada.

S. chegou e dirigiu-se à mesa onde estava sentado, interrompendo a minha leitura. Os seus olhos sorriram ao ver-me, com o cabelo molhado da chuva que caía copiosamente nessa tarde de Outono, sentou-se ao meu lado pousando uma mão na minha perna e disse-me baixinho: “Finalmente estou livre...”

Fiz um sorriso amarelo, sem saber como reagir. Não gosto de me rir da desgraça dos outros, mas pelo que tínhamos falado e pelo que já conhecia dela, S. antes de tomar a decisão, já tinha reflectido profundamente todos os prós e contras.

Olhei de novo para ela, mais atentamente, o seu cabelo moreno comprido molhado, dava-lhe um ar sexy...

Pedimos dois cafés e falámos um pouco sobre coisas mundanas, até que ela interrompeu a conversa pedindo-me que fosse com ela ao escritório que era naquele quarteirão.

Seguimos rua a baixo, tentando fintar as gotas de água que não tinham parado o dia inteiro de cair.

Entrámos num edifício dos anos cinquenta, já com um aspecto um pouco degradado e procurei o interruptor naquele hall frio e escuro, quando lhe toquei com a mão senti a mão dela por cima da minha e a luz acendeu-se.

Sorrimos ambos e ela acenou-me em direcção às escadas do edifício, segui atrás dela, observando o seu andar insinuante e provocador de uma forma inconsciente. O seu cabelo molhado pingava para o chão deixando um caminho de gotas pedindo que o seguisse e assim fui atrás dela.

Subimos dois lanços de escadas e chegámos à porta do seu escritório, S. meteu a chave na fechadura e destrancou as portas pesadas de madeira maciça. Entrámos no escritório, e um silêncio absorveu-nos, naquela divisão escura e fria só estávamos os dois, iluminados por uma ténue luz que vinha do hall de entrada do prédio no andar de baixo. Por momentos fintámo-nos sem trocar uma palavra, penso que trocámos pensamentos sem que nenhum de nós se apercebesse.

S. quebrou o silêncio: “- Vou à casa de banho para me secar, podes ir para a sala e senta-te no cadeirão... não faças cerimónias, eu volto já!”

Enquanto S. dirigia-se ao fundo do corredor, acedi ao seu pedido e fui para a sala e sentei-me num cadeirão que estava virado para a porta de entrada, olhei em volta e apenas com uma luz ambiente proveniente do corredor, consegui perceber que era o seu gabinete, à esquerda uma estante com uns livros da sua área e à direita uma secretária com uns papeis meticulosamente bem empilhados.

Na parede por cima da porta, o relógio dava-me as horas, 19h32, e por um tempo observei o ponteiro dos segundos a andar abstraindo-me de tudo...

Do fundo do corredor, oiço a sua voz: “- Onde estás?”

“- Aqui!” – respondi-lhe, olhando ainda para o ponteiro dos segundos que se movia a um ritmo hipnotizante.

Ouvi os seus passos em direcção ao gabinete onde ela me tinha deixado à sua espera, os seus tacos de salto alto ecoavam no soalho de madeira a um ritmo compassado.

S. surge à porta, de lingerie preta, meias de ligas e sapato de salto alto, encosta-se à ombreia da porta e finta-me com um olhar desafiante, morde o seu lábio inferior provocando uma reacção minha.

Sorri, dando a minha aprovação...

Observei-a de cima a baixo, comecei no seu cabelo que ainda estava molhado, de onde pequenas gotas escorriam pelo seu corpo, contornando todas as suas formas corporais, a sua lingerie era perfeita para a ocasião, de cor preta simples, mas ao mesmo tempo, provocante. As suas meias de ligas completavam o conjunto dando um toque sexy e os sapatos de salto alto, um toque de classe...
(continua)


fotografia: mrmojorisin3075@deviantart

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